sexta-feira, 14 de março de 2008

O meu dia-a-dia




'O colega do lado' por Maria João Lopo de Carvalho (Jornal Expresso)


Gramamos a família porque a hereditariedade nos impõe, gramamos o marido (ou
a mulher) porque o escolhemos de livre vontade, mas gramamos os colegas de
trabalho porque nos calham na rifa e temos de levar com eles em cima, a bem
ou a mal, na melhor das hipóteses, oito horas por dia. Ou seja: a família,
quando muito, aos domingos e feriados; o marido e os filhos, duas, três
horas por dia, no máximo (metade das quais a ver televisão ou a partilhar
tarefas domésticas); e os outros, para os quais não fomos ouvidos nem
achados, dispõem de mais tempo e de mais espaço do que toda a nossa vida
somada. É com eles que rimos, choramos, que nos irritamos, que amuamos, que
lixamos ou somos lixados, que vamos à bica e às compras, é a eles que
avaliamos, que ajudamos, são eles os nossos carrascos e cúmplices, os nossos
amigos ou, pior, os nossos principais inimigos. É no trabalho, acho eu, que
revelamos as nossas grandes capacidades e virtudes, mas também, e como há
tempo para tudo, o pior que o ser humano tem: a inveja, o rancor, a gula
(roubo todas as caixas de chocolates onde os meus olhos vão parar), a
vaidade, a intriga, o orgulho, a luxúria (enfim, todos sabem como e porquê.
'Ai, você hoje está linda...', 'Acha dr?', 'Não acho, tenho a certeza,
brilha como a lua).
O ambiente de trabalho é assim, muitas vezes, uma impiedosa arena do circo
romano onde se mata quem é fraco, sobrevive quem é forte. É esta a tragédia
da questão. Competitividade e matança são armas letais de significado
idêntico - desafie-se o poder! Mas como perder ninguém quer, ligamos a
competição à ambição (a longo prazo) e à ganância (a curto prazo), tudo em
circuito fechado, para que a via-sacra da matança seja forte demais e
excitante demais para a conseguirmos abafar. (...)
Há sempre um gajo porreiro em que nós escudamos e que, de facto, não nos
quer tramar às primeiras; um gajo que tem dias e que ora amanteiga para
direita, ora amanteiga para a esquerda - é o gajo que quando a coisa corre
bem foi ele próprio que a fez (é 'muita bom'), quando corre mal, fomos nós,
pobres inexperientes e ele até se fartou de nos avisar, infelizmente não
acreditámos no seu teatro.
Adoro a tribo dos manteigueiros frenéticos: aqueles que só saem depois do
chefe nem que fiquem a jogar paciências no computador, que nos desfazem em
strogonof pelas costas, que controlam as nossas entradas e saídas de cena,
bichanam com os seus superiores e ajustam contas com as secretárias e o
pessoal, a quem com tanta alma chamam 'menor', baralhando sem pudor
humilhação com humildade. Prefiro o folclore dos que gritam como ovelha a
ser degolada mas que depois se redimem ao acrescentarem uns parágrafos
triunfais na 'porra' do dossiê.
Nós os portugueses adoramos reunir. Podemos não fazer a ponta de um corno,
mas reunir tem de ser. Basta reunir e já está! Não é nunca o ponto de
partida, é sempre o ponto de chegada. E antes de reunir gostam de planear a
estratégia para tramar o parceiro. Pode não haver estratégia para mais nada,
mas para tramar o colega do lado aqui vai disto.
Agressividade quanto baste é a metodologia (odeio esta palavra) para chegar
ao poder. Todos conhecem a cartilha, a cru ou disfarçada de fada boa.
Em suma, os portugueses acham que para serem melhores têm de arranjar alguém
para mau da fita, é a teoria dos vasos comunicantes em todo o seu esplendor.
É com 'vasos' destes - que à partida não são nem amigos, nem filhos, nem
marido, nem sequer os escolhemos num menu - que temos de partilhar o cheiro,
a voz, e o génio; das ramelas, à barba por fazer; das malhas na meia ao
rímel esborratado, todas as horas, todos os dias, todos os anos. É tudo uma
questão de 'ambiente' no trabalho!

terça-feira, 4 de março de 2008

Há sempre luz no fundo do túnel



Quando já nada parece fazer sentido, lá no fundo. mesmo no fundinho, envergonhada, tão ténue que mais parece uma visão do que realidade, está aquela luzinha que nos faz seguir em frente!Damos nomes a essa luz...a minha tem muitos...NG, MJ, FA, PL...são poucas, mas sempre presentes...mas uma é especial, sempre foi, sempre será...a minha mummy!Por muitas discussões, atritos ou mesmo birras, ela está sempre lá, mas as minhas luzinhas não tiram a vez da mummy nem vice versa!Adoro-vos mesmo luzinhas!
Obrigada por terem sempre um ombro e um berrinho...sim..mesmo que seja de carinho...para eu acordar!A realidade é dura, mas vocês fazem-na parecer algodão doce!

LOVE U ALL